segunda-feira, 5 de setembro de 2016

De como os livros me salvam dos demónios

 
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Este verão li compulsivamente. Entrei em cada um dos livros que li e acontece que quase me sinto numa meditação, sem o ser. 

A minha última aquisição é de uma escritora italiana, Elena Ferrante, que me assoberbou completamente para dentro de uma escrita despretensiosa e ainda assim tão real e tão simples. Nunca, em obra alguma revi tão densamente o poder e contornos de uma amizade que se concebe fora dos clichés. Do 'estarei para o que precisares', ' conta sempre comigo', 'gosto muito de ti'. Pelo contrário, faz-nos pensar nos lados mais sombrios e mais bonitos de que uma amizade é feita, para lá do encantamento das coisas boas de duas pessoas. Alicerça-se, antes de mais e para além de tudo, na admiração e competição de dois horizontes tão distantes entre si, que, sem se tocarem, não passam um sem o outro. 

Leio este livro e penso no sentido das minha amizades ao longo da vida. Felizmente soube escolher bem. Consigo conciliar nos meus amigos aquilo que me traz equilíbrio e paz todos os dias, sem esperar deles mais do que aquilo que cada um consegue dar. Lembro-me de ter lido uma vez, algures, que não podemos esperar todas as qualidades que apreciamos em todos os amigos. Acho que foi por isto que abandonei há muito tempo o conceito de melhor amigo. Aquele ser único. Consigo ver coisas boas em todos os meus amigos, mas não tudo aquilo que aprecio num único entre eles. E isso libertou-me de certa forma. 

Este livro trouxe-me isso à memória e à consideração. Enquanto penso nestas coisas, não penso noutras.




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