quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Blá Blá Blá

A minha veia romântica, mas não excessivamente romântica, coloca o meu cérebro a pensar blá blá bla... sempre que ouço um homem cheio de falinhas mansas, a boca cheia de clichés e uma pornochachada carregada de sentimentalismo. Aquele discurso serve qualquer carapuço e, a sério, é tão mas tão maçador.

Calem-me a boca com um beijo ou uma resposta inteligente, para além disso deixem-se estar.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Do dar e do receber

Há coisas que a idade me tem trazido que jogam cada vez mais a meu favor. O metabolismo não é um bom exemplo. Está cada vez mais lento. Assim como o meu estado constante de sonolência, que me daria, se eu me permitisse, para dormir em qualquer esquina. Bom, mas isto são pormenores.
Ora o que me tem trazido realmente de bom é a minha capacidade de tolerar cada vez menos as idiotices alheias. Se a pessoa tem um plafond grande para fazer idiotices (e isto aplica-se a gente que está na minha vida há muitttto tempo) então eu modero a paciência, mas se por azar não tem um plafond assim muito grande, pode descansar que eu vou ali à esquina comprar cigarros e não volto mais.
E nem é por nada, nem orgulho, nem teimosia, é mesmo falta de paciência e tolerância para gentes e coisas que não me acrescentam absolutamente nada. E isto das minhas relações com coisas e pessoas é muito na onda capitalista da oferta e da procura. Eu tenho muito para oferecer, mas procuro em igual medida. É um sistema de troca gratuito em que se oferece e dá, de modo a ganharem o dois (ou três ou quatro) e saírem igualmente ricos.
Por enquanto nem a idiotice nem a estupidez alheia me fazem ficar mais rica, nem melhor, nem com vontade de dar. É altura de pegar na mala e sair devagar, assim como quem não quer a coisa, sabendo que não quer voltar.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Só queria desabafar!

Estou feliz, entusiasmada e não, não casei e não estou grávida. Bastou pôr três smiles no meu facebook para toda a gente partir do principio que tinha encontrado o homem da minha vida, casado e feito bébés, assim num espaço de tempo que nem dá para fazer a digestão. Mas a felicidade resume-se a isto? Não!
Estou feliz porque surgiu uma oportunidade nova no trabalho e quando eu julgava que ia ficar desempregada daqui a três meses, afinal não, não vou.
Posso dizer que neste momento a minha vida está toda em obras e não me importo nada porque me fartei de deitar coisas abaixo e largar outras tantas e agora tudo se compõe. É isto. Só queria desabafar.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Isto mói e sim, mata!

Aquilo que realmente me frustra e que me faz ficar descrente que a vida seja mais do que simplesmente isto, não é tanto a falta das coisas acontecerem, mas da não existência, sequer, das possibilidades.
Aquilo que preciso agora, já, imediatamente é de uma possibilidade, acreditar que é possível acontecer.
Porque se eu soubesse que essa possibilidade vinha a caminho, descansava este pesar de alma que me chateia e maça (não tenho grande paciência para estes estados d'alma que pesam) e viveria feliz, todos os dias, porque me saberia em contagem decrescente...
Marilyn Monroe<3

domingo, 10 de novembro de 2013

Dia oficial da tristeza

Se tivesse que eleger um dia oficial para a tristeza seria, sem dúvida, o domingo. Abomino domingos. Não gosto de acordar neles. São dias tristes, sozinhos, mal companhados, vazios. Fazem-me pensar e eu não gosto de pensar, fazem-me sentir e eu não gosto de sentir, faz-me cair no real e eu prefiro ir sonhando.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Não vou permitir que me façam duvidar de mim

Não vou permitir que me façam duvidar do que sou e se há coisa que sei ser é boa. E não estou a falar de boazona nem de boazinha, mas aquele boa que fica ali no meio termo entre a mania do que se é e a aspiração do que se deveria ser. 
Fazer de nós o que queremos ser dá trabalho, sobretudo quando insistem connosco numa coisa que nós sabemos que não somos. Não me vou desculpar se tiver que dizer que não, embora saiba que te possa magoar. Não vou fazer o que não é suposto porque me dizes que te dá jeito. Não vou trabalhar para ti porque achas que é um direito teu. Ser o que somos e o que queremos ser dá trabalho porque não vamos agradar sempre. E depois de não agradarmos, o bom que sempre fomos fica para trás. Afinal já não somos assim tão bons, pelo menos para os outros, porque para nós, seremos sempre o melhor que soubermos ser. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Eu sei, mas não devia...




EU SEI, MAS NÃO DEVIA


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que
não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque
não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se
acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar
o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o
tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho
porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado
sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita
os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não
acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler
todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A
sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava
tanto ser visto. 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para
ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para
pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar
mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios.
A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser
instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de
cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se
acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia
dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando
não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o
cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia
está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro,
a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o
que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma
para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto
acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti
free

Não sei se nos havemos de ver alguma vez mais nesta vida, mas espero que não. Começaria a desejar, inconscientemente, que o tempo passasse a correr e com isto, envelheceria sem dar por mim...

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Se pudesse gritava palavrões bem alto, ao invés, escrevi...

Pedir a alguém que se anime quando está triste, em baixo, sem vontade de nada é o mesmo que pedir a alguém que está com alzheimer que se lembre das coisas.
É possível dar espaço às pessoas para se sentirem mal, solitárias, amarguradas com vida, raivosas, irritadas? Se tudo correr bem, isto passa, há-de passar, mas pelo amor de deus, não me venham com a merda das receitas mágicas do anima-te, precisas é disto ou daquilo, como se isso resultasse com toda a gente e fosse obrigação minha estar todos os dias de bem com a vida e com as pessoas. Logo eu, que costumo gostar muito de pessoas, mas que cada vez mais me farto delas e das suas teorias e das suas receitas de vida e de acharem que se eu fizesse o que elas mandam tudo seria mais feliz. Foda-se! Só me apetece gritar palavrões, assim todos de seguida e bem alto, mas em estando a escrever isto no café da fnac, com algumas pessoas à volta e musiquinha clássica de fundo, iria passar por maluca e isso é coisa que ainda não sou, mas para lá caminho a passos bem largos.

sábado, 2 de novembro de 2013

Assim que cortamos a corda que nos sustenta, caímos do abismo. E o que nos assusta é olhar cá para baixo e não saber como ficaremos quando embatermos no chão. O que nos esquecemos é que durante a viagem, acabamos por flutuar e aplanamos no meio de um novo mundo. Depois sentimo-nos totalmente livres. E é aqui que começamos a ser de novo felizes. O que custa mesmo é a expetativa de cair no chão a alta velocidade, mas nem tudo é assim tão rápido nem tão mau. Há sempre o meio termos que nos aconchega. Eu que sempre fui tudo ou nada, branco ou preto, estou precisamente a meio caminho do chão.