quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Daquilo que é

book, black and white, and coffee image
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É-me sempre muito difícil e sensível falar de mulheres solteiras sem que pareça que me estou a justificar ou a encontrar uma razão válida para o ser. Escrevo e reescrevo um texto e acabo por apagá-lo por achar que estou, ora a doutrinar a solteirice ora justificá-la. Nunca quis fazer isso e não assumo posturas de vida que tenham a ver com as escolhas das pessoas ou as circunstâncias que elas vivem. Penso apenas no que é válido para mim e o que espero eu da minha relação com os outros. 
Não sou uma adepta fervorosa do estar-se sozinho, nem o de estar junto. Sou uma adepta fervorosa do estar bem, ainda que isso possa ser mais ou menos compreendido pelos outros.
Há coisas sensíveis na vida dos outros. Há coisas que não se escolhem. E há o que nos acontece. E o que nós escolhemos perante o que nos acontece.
Embora tudo isto possa ser verdade, o que é certo que existe ainda uma expectativa social que nos empurra para um cenário típico e que nos questiona: - então, mas não arranjas ninguém porquê? 
Nem sempre esta pergunta é verbalizada, mas a expectativa existe sempre que te empolgas para contar uma novidade boa e, imediatamente, te questionam: - tens alguém? A expectativa existe quando, finalmente arranjas alguém e te dizem: - até que enfim! Já merecias!
Ora se o estado de (des)graça em que nos mantivemos até então era tido como normal, rapidamente percebemos que a humanidade só estava à espera que te decidisses, que orientasses a tua vida, porque, vamos lá ver, podes ser muito independente mas é certo e sabido que sonhavas diariamente com isto. 
Mas quando esse dia chega, chega para nos satisfazer com aquilo que sabemos que corresponde ao que expectávamos e não ao que necessitávamos. Porque o difícil não é encontrar quem nos faça companhia, mas quem nos acompanhe.
E há coisas pelas quais vale a pena esperar.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O bom filho a casa retorna

Voltei hoje a esta casa. Há meses, muitos, que não abria este email e não vinha a casa. 
Às vezes, muitas vezes, tenho vontade de escrever. Muitas coisas me passam diariamente na cabeça e muitas dessas vezes gostava de me sentar a escrevê-las só para materializar as coisas em que penso. 
A maioria das vezes tenho preguiça, sento-me ao computador e as ideias, tão claras, certas e lógicas na minha cabeça, deixam de existir. 
Hoje voltei aqui. Visitei a casa que já habitei e recordei, com saudade, todas as outras casas que visitava na altura deste blog. Com imensa tristeza percebi que a maioria dos blogs que acompanhava ou se tornaram privados ou deixaram de existir. E senti-me um pouco sozinha, aqui nesta casa que é só minha. Só minha, mas que eu sentia rodeada de vizinhos, de pessoas estranhas, desconhecidas que partilhavam um pouco de si, contavam coisas genuínas, escreviam por prazer, porque sim. Não sei onde andam essas pessoas. Confesso que não vou à procura de novas. O vislumbre rápido que dei por um ou outro blog novo fez-me revirar os olhos à pouca paciência que me resta. A piada rápida, as dicas da moda, o visual certo, a publicidade encapotada, os temas que deixaram de ser tabu e que se banalizaram, as considerações fúteis sobre vida alheia vieram substituir o genuíno, o simples, o quotidiano. A pouca paciência que me resta tem mesmo que ser gasta em outro lado. 
Talvez retorne a casa, quiçá...

sexta-feira, 2 de junho de 2017

E não há nada pior que demasiado tarde....

Imagem de ombre, black and white, and swing
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Há coisas bem piores
do que ser sozinho.
mas às vezes levamos décadas
para percebê-lo.
E ainda mais vezes
é demasiado tarde.
E não há nada pior
do que
demasiado tarde.
Charles Bukowsky

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O conforto da miserabilidade

girl
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A miserabilidade é aquele sofá velho que nos faz doer as costas e no qual não conseguimos fazer uma sesta em condições, mas que já lhe conhecemos o cheiro, o tamanho, as manhas e o sítio onde as molas nos doem menos. 

Queixamo-nos dele, mas não o trocamos. É que este ainda me dá que falar. De que falarei eu quando me levantar deste sofá para fazer outra coisa? Deste eu sei falar, sei como me dói. As outras dores não as conheço bem. Como depois vou falar de dores que não conheço?

Aprendi recentemente que não podemos tirar ninguém do seu sofá velho apenas porque achamos que há um sofá melhor. A arrogância de acharmos que alguém seria mais feliz com um sofá novo, é nossa. A supremacia da nossa visão com a hipótese de poder retirar as dores de alguém faz com que gastemos energia num cenário que não sendo para nós, também não é nosso. 

Eu tenho o meu sofá velho, que teimo em sentar-me cada vez menos. Não me obriguem a sentar em mais nenhum sofá velho.

sábado, 29 de abril de 2017

Only love can save us

Todo o amor se cura com amor. A falta dele cura-se com amor. O excesso dele, com mais amor. 
Se temos muros à volta, o amor destrói. Se temos monstros dentro de nós, o amor aniquila-os. Se temos medos o amor combate-os. No  fundo, só o amor nos pode salvar e disso não tenho dúvidas. 
Hoje, nas minhas instrospeções diárias cheguei à conclusão que o que me faz falta é sentir um equilíbrio entre o amor que foi retirado e o amor que está por vir. 
Olhando para o passado e para as pessoas que já perdi, fiquei com um défice de amor que ainda não foi reposto. Como é possível vivermos em paz se nos tiram amor e não nos compensam com mais amor?
Aquilo que mais me assusta no facto no avançar da idade é da possível impossibilidade de gerar mais amor. O meu passado colheu-me amor e o meu futuro ainda não mo veio devolver. 
Acho que pode ser isto. Também. 

sexta-feira, 31 de março de 2017

Trinta do três, a conta que deus fez

Resultado de imagem para 35 anos


1, 2, 3 ... 35!

35 anos chegaram. De mansinho, como se não quisessem nada com a vida nem comigo, mas chegaram para me lembrar que estou viva e estou aqui. 
Se é como dizem, e que a cada ciclo de 7 anos algo se transforma e renova, eu estou muito expectante em relação ao que aí vem! 
Há qualquer coisa que me falta cumprir que ainda não descobri ao longo destes anos. Talvez nunca saberei. 
Já tive muita pressa! de viver, de chegar, de concretizar. Já me frustrei imenso por não encontrar um poiso onde me sentisse totalmente bem e totalmente eu. Até ter começado a aceitar. Aceitar que há coisas que não podemos mudar, que há coisas que já aprendemos e que podemos mudar e que grande parte das vezes as coisas estão exatamente como devem estar.
Aprender a aceitar foi a minha grande conquista dos últimos anos. Aprender a ser feliz com o que se tem e não com a ideia (tantas vezes efabulada) daquilo que deveria ter e do caminho que já devia ter percorrido, mas que pode não ter sido o meu. Pelo menos até agora. 
Daqui para a frente conto fazer o meu caminho com a serenidade que me for possível, aceitando sem resignação o que a vida me trouxer e sobretudo agradecer, por tudo e por nada. Simplesmente agradecer.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Ego meu, ego meu, haverá alguém maior do que eu?

Quando me perguntam que tipo de pessoa me destrona mais facilmente, rapidamente concluo que é o tipo de pessoa com um ego tão, mas tão grande que o universo inteiro se encolhe para caber lá dentro. Pessoas tão cheias de si, que acreditam que o sol nasce todos os dias porque elas existem. Se juntarmos a este ego enorme uma carência de qualquer espécie, temos aqui um pequeno ser humano a evitar a todo o custo. Normalmente tudo o que farão será porque elas precisam, porque elas querem, porque lhes aconteceu isto e mais um par de botas. Basicamente o resto do mundo deixa de ter qualquer importância. Afinal quem é o resto do mundo para se lhes poder ser comparado? Que problemas terá o resto do mundo que se possam equiparar aos deles? Muito poucos ou nenhuns. São estes egos mal comportados e gigantes que nos atravessam o dia e às vezes a vida. Tirá-los do caminho é o cabo dos trabalhos.