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É-me sempre muito difícil e sensível falar de mulheres solteiras sem que pareça que me estou a justificar ou a encontrar uma razão válida para o ser. Escrevo e reescrevo um texto e acabo por apagá-lo por achar que estou, ora a doutrinar a solteirice ora justificá-la. Nunca quis fazer isso e não assumo posturas de vida que tenham a ver com as escolhas das pessoas ou as circunstâncias que elas vivem. Penso apenas no que é válido para mim e o que espero eu da minha relação com os outros.
Não sou uma adepta fervorosa do estar-se sozinho, nem o de estar junto. Sou uma adepta fervorosa do estar bem, ainda que isso possa ser mais ou menos compreendido pelos outros.
Há coisas sensíveis na vida dos outros. Há coisas que não se escolhem. E há o que nos acontece. E o que nós escolhemos perante o que nos acontece.
Embora tudo isto possa ser verdade, o que é certo que existe ainda uma expectativa social que nos empurra para um cenário típico e que nos questiona: - então, mas não arranjas ninguém porquê?
Nem sempre esta pergunta é verbalizada, mas a expectativa existe sempre que te empolgas para contar uma novidade boa e, imediatamente, te questionam: - tens alguém? A expectativa existe quando, finalmente arranjas alguém e te dizem: - até que enfim! Já merecias!
Ora se o estado de (des)graça em que nos mantivemos até então era tido como normal, rapidamente percebemos que a humanidade só estava à espera que te decidisses, que orientasses a tua vida, porque, vamos lá ver, podes ser muito independente mas é certo e sabido que sonhavas diariamente com isto.
Mas quando esse dia chega, chega para nos satisfazer com aquilo que sabemos que corresponde ao que expectávamos e não ao que necessitávamos. Porque o difícil não é encontrar quem nos faça companhia, mas quem nos acompanhe.
E há coisas pelas quais vale a pena esperar.